terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Entrevista: Ana Kefr

Os Ana Kefr, banda cujo álbum The Burial Tree (II), figurou no primeiro lugar do Top 10 de 2011, concedeu ao Confronto de Almas uma pequena entrevista, tendo Rhiis D. Lopez (vocalista/teclista) sido o elemento escolhido para nos esclarecer umas duvidas.

Confronto de Almas: Ana Kefr é uma palavra Árabe, que em Português significa "Eu sou Infiel", de onde surgiu a ideia para o nome?

Rhiis D. Lopez: Eu vivi durante cerca de três anos no Egito, cerca de metade do tempo em Alexandria, um quarto do tempo no Cairo e no resto do tempo andei viajando por todo o país e na Jordânia, Israel e Palestina. Quando voltei para os Estados Unidos em 2008, para visitar amigos e família, encontrei Kyle Coughran (guitarra/voz) e logo depois me apercebi que eu queria ficar e colocar todo o meu foco e energia na música. O Kyle tinha escrito a música “Takeover”, que pode ser ouvida no nosso primeiro álbum Volume I. O Kyle costumava mexer varias vezes com letras e ideias para as mesmas, e assim, quando ele me mostrou a “Takeover”, eu modifiquei-a um bocado ao meu estilo e pus algumas palavras minhas. Numa seção da música, eu decidi por o cântico "Ana Kefr" que, como você mencionou, é Arabe para "Eu sou Infiel / Descrente / Ateu." Isto foi claramente inspirado pelo tempo que passei no Egito e a viajar pelo Médio Oriente. Nós passamos algum tempo tentando encontrar um bom nome para a banda, e um amigo nosso indicou a parte "Ana Kefr" que constava na canção, ele disse que seria perfeito. Bem, ele estava certo!

Confronto de Almas: A música dos Ana Kefr é vasta e mistura vários estilos, quais são as principais influências?

Rhiis D. Lopez: Todos os elementos da banda têm gostos bem vastos e muito diversificados, ao ponto de nós raramente concordamos sobre o que é ‘boa’ música. Podemos concordar em generalidades, como a música progressiva em geral ou música clássica. Mas quando chegamos a algo mais específico, nós não ligamos, nem chegamos mesmo a desgostar, dos gostos uns dos outros, e acho que é isso que faz a nossa música sair do jeito que sai. Acho que a principal influência é na verdade a música clássica. Nós não nos sentamos com um género em mente, mas tendemos é a encontrar uma atmosfera ou um motivo para escrever sobre isso. Death e Black Metal são importantes para nós, assim como o Rock, Jazz e a música experimental. Tentamos não pensar em termos de gêneros e influências quando escrevemos.

Confronto de Almas: Todos os membros da banda apresentam ideias na hora de compor ou existe alguém que se encarrega disso e depois a banda trabalha à volta disso?

Rhiis D. Lopez: No Volume I, o Kyle escreveu a maioria das letras. Eu era o segundo principal contribuidor mas ainda estava encontrando o meu equilíbrio com a escrita de música para ser executada por uma banda de Metal. No entanto, o The Burial Tree (II) foi escrito principalmente num período em que os únicos membros da banda eram Kyle e eu e estávamos no processo de encontrar os membros que temos hoje. Foi ai que eu basicamente me cheguei á frente e trouxe muito mais para o processo de escrita. Embora o Kyle e eu tenhamos escrito muito material, o Brendan (guitarra, saxofone e voz), Alphonso (baixo) e Shane (bateria), que se juntaram depois á banda, ajudaram a dissecar e a escrever novas peças para fortalecer a composições – e às vezes chegávamos mesmo a remover uma seção, ou reescrever uma ideia inteira. Todos os elementos da banda trazem sempre ideias, mas o método mais comum de completar a música no passado tem sido baseado no material que o Kyle e eu escrevemos juntos, que depois em seguida, juntamos as ideias do resto da banda. No entanto, esta não é uma regra e no nosso próximo álbum não ficarei surpreso se houver uma contribuição mais igual de todos.

Confronto de Almas: Vendo que o álbum The Burial Tree recebeu muitas críticas positivas por todo o mundo, quais são os vossos planos para 2012, mais digressões?

Rhiis D. Lopez: Eu acho que poderemos entrar em modo de escrita muito brevemente, algo que poderá ocorrer durante outros acontecimentos ao longo do ano. A nossa primeira digressão nacional foi á apenas alguns meses atrás, e foi uma verdadeira inspiração para todos nós. Mas acredito que iremos fazer outra digressão antes de nos focarmos sobre um terceiro álbum. A ideia geral de momento é tocar alguns espetáculos de maior grandeza para assim expandirmos a nossa audiência, já temos alguns concertos marcados como banda de suporte para bandas como Possessed, Sabaton e My Ruin. O The Burial Tree (II) foi lançado á apenas 7 meses por isso sentimos que queremos gastar mais tempo a tentar que a sua musica chegue a mais ouvidos.

Confronto de Almas: Em 2010 lançaram o single “Tonight We Watch the Children F*cking Burn” (musica que está no fim do artigo) para celebrar um ano do Volume I, para 2012 irá haver repetição mas em relação ao The Burial Tree?

Rhiis D. Lopez: Já houve definitivamente conversa sobre isso. Nós já temos algumas ideias diferentes, mas não há garantias que algo possa vir a acontecer para este aniversário. Acho que a banda gostaria, sempre nos daria material novo para tocar ao vivo e satisfaria parcialmente aqueles que agora estão esperando impacientemente por mais música nossa.

Confronto de Almas: Hoje em dia as redes sociais são uma grande ajuda para as bandas puderem comunicar com os seus fãs, algo que os Ana Kefr fazem constantemente, como te sentes ao ver tanto apoio vindo de varias partes do mundo, sabendo que os Ana Kefr ainda são uma banda jovem?

Rhiis D. Lopez: É uma sensação incrível, é uma das coisas que eu aguardo ansiosamente todos os dias. É realmente gratificante e encorajador ver pessoas virem ter connosco por causa da nossa música. Para ser honesto, não posso sequer imaginar o que a música seria agora sem meios de comunicação social. Eu acho que a internet fez coisas realmente incríveis para uma banda independente como nós, abriu muitas portas e fez a nossa música acessível a pessoas que de outra forma não iriam ouvir falar de nós. A internet lança a luz do dia para a música underground.

Estas três perguntas finais foram respondidas por todos os membros:

Confronto de Almas: Quais as bandas que gostaria de fazer uma digressão conjunta?  

Alphonso Jimenez: Mastodon e Gojira.

Brendan Moore: Eu vou pensar em grande e dizer Metallica, Tool, Opeth, Between the Buried and Me e Mastodon.

Kyle Coughran: Gostaria de dizer Lamb of God, por causa da experiencia que eles já tem de tantos anos de estrada. Fazer uma digressão com eles seria algo para durar uns dois anos, mas seria muito bom.

Rhiis D. Lopez: My Ruin, Nekrogoblikon e Jahmbi, porque são bandas amigas nossas e garantidamente iria ser uma grande experiência ao longo da digressão.

Shane Dawson: Between the Buried and Me e Nekrogoblikon.

Confronto de Almas: Com que músicos gostaria de fazer um álbum?

Alphonso Jimenez: Nekrogoblikon.

Brendan Moore: Nekrogoblikon, Maynard James Keenan dos Tool.

Kyle Coughran: Opeth, ou então músicos do mesmo calibre, ou seja, uma grande coleção de bons executantes.

Rhiis D. Lopez: David Gilmour (Pink Floyd) para que fizesse um dos seus grandes solos numa música, Tom Waits para fazer ‘spoken word’ numa parte, mas preferencialmente eu não iria gostar de fazer um álbum de colaborações. Parece que é raro sair um bom produto no final.

Shane Dawson: Zappa Plays Zappa, Mike Portnoy, John Pettrucci, Nekrogoblikon, Jahmbi, Paul Gilbert, Billy Sheehan.

Confronto de Almas: Faça um top 3 de albums de 2011:

Alphonso Jimenez:
1. "The Hunter," Mastodon.
2. "Watch the Throne," Jay-Z and Kanye West.
3. "Beast," Devildriver.

Brendan Moore:
1. "Stench," Nekrogoblikon.
2. "The Hunter," Mastodon.
3. "Heritage," Opeth.

Kyle Coughran:
1. "Stench," Nekrogoblikon.
2. "Scurrilous," Protest the Hero.
3. "The Parallax," Between the Buried and Me.

Rhiis D. Lopez:
1. "Bad As Me," Tom Waits.
2. "A Southern Revelation," My Ruin.
3. "The Old Testament," Anal Cunt.

Shane Dawson:
1. "Stench," Nekrogoblikon.
2. "The Parallax, " Between the Buried and Me.
3. "A Southern Revelation," My Ruin.


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