domingo, 15 de agosto de 2010

Iron Maiden - The Final Frontier

Para quem não sabe, os Iron Maiden são provavelmente a melhor instituição de Metal que este mundo já viu, a sua dedicação á musica e os grandes fãs que a banda tem desde o inicio da sua carreira tornou a banda num monumento ao qual nenhuma outra banda conseguirá repetir tal feito, a sua ascensão ao topo da pirâmide é por mérito próprio sem ajuda de terceiros e se alguém duvida isso e põe outra banda como melhor porta estandarte do estilo chamado de Metal então é porque essas pessoas faltaram a algumas aulas sobre o estilo.

Assim que os Iron Maiden anunciaram um novo trabalho para este ano a alegria em mim foi enorme, sendo eu um grande fã da banda, tendo todos os seus cds, dvds, e mais umas quantas coisas raras que pouca gente no mundo tem, tendo já os visto 2 vezes (e a ver se os vejo outra vez já para o próximo ano) é normal para uma pessoa como eu ficar ansioso para o regresso destes ‘Monstros’, o ultimo trabalho, ‘A Matter of Life and Death’ já datava de 2006 e mesmo tendo boas musicas como ‘The Reincarnation of Benjamin’, ‘Different World’ e a ‘Brighter than A Thousand Suns’ a sua sonoridade em geral não gritava muito “Maiden”, mas agora com este novo registo, ‘The Final Frontier’ a banda consegue misturar um pouco dos últimos trabalhos desde o regresso do Bruce e do Adrian em 1999 com um pouco dos trabalhos da era dourada da banda, que foram os anos 80’ e que nos deram 7 cds que irão ficar para a historia do Metal, e so esse ponto é incrível, num espaço de 10 anos foram feitos 7 cds que tem sido influencias para muitas bandas de todos os cantos do mundo. Este novo trabalho que tem pitadas de ‘Seventh Son Of A Seventh Son’, ‘Somewhere In Time’ e claro do ‘Brave New World’ que foi o primeiro cd desde o regresso do Bruce á banda e é o cd que marca o inicio desta revolução na sonoridade da banda.

No dia 9 deste mês o álbum já circulava na internet, eu aguentei ate o ter fisicamente para o ouvir na integra, claro que as faixas ‘El Dorado’ e a ‘Final Frontier’ ouvi assim que a banda disponibilizou no seu site oficial, quatro anos á espera de algo de novo é muito tempo por isso quando a ‘El Dorado’ ficou disponível fiz o download a partir do site da banda e embora soa-se um bocado estranho nas primeiras audições a partir da 10º audição já era como uma viagem como se estivesse a ouvir um clássico da banda. Quanto á ‘The Final Frontier’ foi lançada juntamente com um vídeo em HD onde finalmente podemos ver o novo Eddie mas em versão animada, o vídeo em si está engraçado com o tema espacial que a banda parece que vai explorar nos próximos tempos, quanto á musica é pesada e com uma sonoridade mais ‘rockeira’ com um refrão perfeito para se cantar juntamente com a banda nos seus concertos. Uns dias antes de o cd ter ido parar á internet, já andava a circular pequenas previews de 30 segundos de cada musica, eu não ouvi nenhuma, mas sei de quem ouviu e não acredito que alguém tenha gostado de ouvir so uns segundos de cada musica, aliás, nem percebo a piada em ouvir 30 segundos de musicas com duração a rondar os 8 minutos.

(Sim, o que ta na foto é o vinil do Flight 666 e o cd e o vinil do The Final Frontier juntamente com um vinil raro cortado de 1983 do single the Trooper, e sim, são algumas coisas que eu tenho por aqui de Iron Maiden)

No ‘The Final Frontier’ uma coisa que notamos após umas quantas audições é que a banda aqui já explorou diferentes composições ao contrário do seu ultimo trabalho ‘A Matter of Life and Death’, em que as musicas seguem todas o mesmo ritmo, não querendo isso dizer que o cd fosse mau, eu gosto e já ouvi muitos bootlegs em que a banda tocou o cd na integra e o publico reage muito bem a praticamente todas as musicas. Muitas pessoas não gostaram, e compreendo o porquê, muitas musicas longas e ate um certo ponto aborrecidas, mas a maioria das pessoas que não gostaram são aquelas pessoas que só ouvem os clássicos, são pessoas que nos concertos da banda só querem clássicos e que durante anos tem esperado que a banda regresse a esses tempos e que façam um novo ‘Powerslave’ ou um novo ‘Seventh Son of a Seventh Son’, mas a banda já o disse milhares de vezes que isto tudo é uma evolução, quem não gosta que não ouça, a editora da banda á uns anos atrás forçou a banda a fazer musicas que soassem como as musicas dos anos 80 e banda literalmente mandou-os para um certo sitio, claro que a banda não irá dizer isso publicamente na cara dos fãs porque foram os fãs que os puseram onde a banda está neste momento, mas para quem não gosta do que a banda tem feito nos últimos anos o remédio é simples, não ouçam e se souberem que a banda irá tocar mais musicas recentes que antigas nos concertos, tal como tem feito nesta pequena tour de verão, essas pessoas que fiquem em casa, deixem os verdadeiros fãs irem para lá cantar tudo juntamente com a banda.

Uma coisa que deixou muitos fãs a pensar é no significado do titulo, Steve Harris desde sempre disse que o seu sonho seria fazer 15 cds com os Iron Maiden e com ‘The Final Frontier’ eis que chegamos a esse numero que esteve marcado na mente de Steve Harris durante muitos anos e o próprio titulo ‘The Final Frontier’ que em português significa ‘A Fronteira Final’ também poderá querer dizer que a carreira desta enormíssima banda poderá estar a chegar ao fim, mas mesmo que a banda decida acabar irá deixar muita gente a pensar porque a banda desde 2008 tem vindo a mostrar que está num excelente momento de forma a relembrar 1984/85 que foi a altura em que a banda lançou o ‘Powerslave’ e o magistral registo ao vivo ‘Live After Death’.

Pois bem, após esta (pequena) introdução, creio que está na altura de falar no mais importante que é o 15º registo da Donzela de Ferro e não há nada melhor do que falar um bocado da capa que foi a primeira coisa que percorreu o mundo juntamente com a musica ‘El Dorado’. O autor da capa é nada mais e nem nada menos que o Melvin Grant que foi o desenhador de serviço nas capas ‘Fear Of The Dark’ e ‘Virtual XI’, no ‘The Final Frontier’, Melvin, segundo ordens da banda, teve mais liberdade para fazer a capa, ao olharmos para a capa e compararmos com os primeiros trabalhos da banda em que Derek Riggs deu forma e vida ao Eddie aqui o Eddie como toda a gente conhece já não existe, aliás, o próprio Melvin Grant disse numa entrevista que aquela ‘criatura’ que iria figurar na capa não é o Eddie, nem ele sabe quem é, a banda é que quis assim o desenho e so mesmo a banda sabe o que está ali. A caveira com caninos e fazendo cara ‘evil’ que toda a gente conhece já não existe, pelo menos de momento. A imagem á primeira vista pode parece foleira mas ate tem a sua graça e consegue captar bem o tema espacial em que a banda está a aventurar-se, e para as pessoas que não gostaram muito do desenho apenas vos posso dizer que quem vir á venda o vinil numa loja que pelo menos pegue nele e veja bem o desenho, assim é que se nota bem todos os pormenores, eu quando fui comprar o meu juntamente com o cd fiquei durante minutos a admirar o trabalho apresentado.

Viramos então para a melhor parte disto tudo, as musicas, assim que ouvimos os primeiros segundos da “Satellite 15... The Final Frontier” ficamos a pensar, ‘será que o cd ficou mal gravado?’, é que o que nos é ali mostrado não tem nada a haver com o que a banda já fez ao longo de 30 anos, “Satellite 15...” são cerca de quatro minutos e meio de introdução bastante interessantes pelo facto de ser diferente de tudo o que a banda já fez, Adrian Smith mostra-nos aqui o que consegue fazer com um programa de pc á base de percussão. Após este sinal claro de mudança eis que rebenta ‘Final Frontier’, a faixa que já tinha sido disponibilizada juntamente com o vídeo, a musica tem uma sonoridade muito forte a Hard Rock. O trabalho de Nicko McBrain aqui é bem notório e guitarras estão bem pesadas, mas o suficiente para manter uma certa melodia, e o refrão é mais um que é perfeito para se cantar juntamente com a banda nos concertos.

“El Dorado”, a musica que qualquer fã de Iron Maiden já conhece há muito tempo, sendo a primeira musica disponível em 4 anos a banda no inicio parece que quis dar a ouvir um pouco de cada elemento e nada melhor como uma pequena explosão em que se ouve todos os instrumentos, quanto ao resto da musica é uma enorme cavalgada como os Iron Maiden e o Senhor Steve Harris no seu baixo tão bem fazem. A banda fez bem em mostrar esta música no inicio da tour, é uma musica muito boa para se tocar ao vivo e para levar o publico á loucura e por toda a gente a saltar.

“Mother Of Mercy” abre com um riff meio acústico a lembrar um bocado o trabalho de 2003 ‘Dance Of Death’, sendo uma música curta com cerca de 5 minutos, ela consegue ser a musica que melhor cresce á medida que o Bruce vai elevando o seu tom de voz mas mantendo a melodia que se sente na paixão ao cantar o refrão. Quanto ao solo de guitarra é um pequeno regresso ao passado a um certo álbum cujo nome é ‘Somewhere In Time’ e que introduziu na banda as guitarras sintetizadas.

“Coming Home” é uma musica bastante lenta a meio tempo e mais parece saída de um dos cds a solo do Bruce Dickinson, quem não conhecer que vá ouvir a “Tears Of The Dragon”, é uma das melhores musicas que o Bruce gravou a solo e a composição é a mesma. Isto trás um cheirinho a novo porque a banda nunca tinha percorrido estes caminhos mais melódicos como os que estão aqui apresentados, o solo tem muita melodia mesmo ao jeito de Adrian Smith que gosta de por tudo no seu devido lugar.

A “The Alchemist” veio deixar muitos fãs contentes, após muitos anos de espera eis que a banda grava uma musica 100% Heavy Metal tradicional, aqui não há nada que enganar, esta musica podia muito bem entrar num ‘Powerslave’ ou num ‘Piece of Mind’, quatro minutos e meio de duração, ritmo acelerado e guitarras bem ‘heavy’, as bases estão todas aqui, é perfeita para tocar ao vivo e misturar ao lado de clássicos como a “Trooper” e/ou a “Can I Play with Madness”

Com a “Isle Of Avalon” a banda decide recriar alguns dos seus clássicos, o inicio é bastante parecido com o clássico “The Loneliness Of A Long Distance Runner” e o resto da musica parece uma mistura muito bem conseguida entre a “Rime Of The Ancient Mariner” e a “Dream of Mirrors” que é do cd ‘Brave New World’ que para mim é o melhor álbum da banda nesta década. O ritmo da musica tem os seus altos e baixos tal como as musicas que referi em que parece que a banda usou como referencia e o solo mostra-nos sem duvida que o que não falta na banda é inspiração.

“Starblind” é uma das minhas musicas preferidas porque ficaria perfeita no trabalho de 2001 ‘Brave New World’ que é um dos meus cds preferidos de sempre da Donzela De Ferro, em termos de voz creio que é o melhor registo do Bruce neste trabalho, a maneira como ele canta o refrão ta absolutamente lindo: “Starblind, with Sun / The stars are one / We are the light that brings the end of night / Starblind, with Sun / The stars are one / We are, with the Goddess of the sun tonight”. Esta musica é a prova que a banda ainda tem muito para dar aos seus fãs.

No inicio da “The Talisman” parece que vai sair dali uma “Dance Of Death” parte dois, no inicio da musica o Bruce Dickison canta no mesmo tom da semi-balada que dá o nome ao cd de 2003, apos 2 minutos de musica acústica em eis que começa a loucura, a banda entra de rompante e Bruce puxa pela sua voz ao máximo,a meio tem um mini solo de guitarra repartido com uma cavalgada de Steve Harris, a estrutura da musica é claramente a que foi usada nos últimos dois trabalhos da banda, mas neste caso o resultado está muito melhor que muitas das musicas dos últimos trabalhos.

Com uma introdução lenta depois partindo depois para uma batida um bocado acelerada, “The Man Who Would Be King” faz lembrar os tempos em que o Blaze Bayley estava na banda, as mudanças de tempo são varias e isto tem um belo toque a rock progressivo, o solo de guitarra é a parte mais interessante da musica em que se pode ouvir as três guitarras. E para o fim o Bruce dá uso á sua voz melódica.

Com “When The Wild Wind Blows” chegamos ao final desta viagem cósmica e para o final a banda deixa-nos a musica mais longa deste registo, 11 minutos de duração, e que musica, quem diria que a banda ainda teria forças para fazer uma musica destas cheia de alma, energia e melodia. A música começa lenta com um som de vento como fundo, as guitarras e o baixo fazem uma melodia bem lenta, leve e suave. Os solos que seguem são magníficos, cheios de alma, isto é uma musica ‘á Iron Maiden’ e é uma das muitas musicas aqui apresentadas onde a veia progressiva da banda aparece bem vincada, são 11 minutos de duração mas são 11 minutos que mais parecem ser 3 ou 4 tal a rapidez com que a musica passa pelos nossos ouvidos e que depois nos deixa a pedir mais uns minutos de boa musica. Nesta musica o Bruce Dickinson canta em muitos momentos sem puxar muito pela voz mostrando que ele pode cantar em diferentes níveis, o caminho melodioso que a musica tem é simplesmente emocionante, esta musica podia muito bem entrar em qualquer cd dos anos 80, Steve Harris mais uma vez criou uma obra prima, basta ir ver á internet ver a resposta que a musica tem vindo a ter da parte dos fãs, esta musica deveria obrigatoriamente ser inserida na setlist da tour que a banda vai começar no inicio de 2011. Não poderia haver melhor desfecho, simplesmente espectacular e inspirador e que finalmente a banda mostra que ainda consegue criar algo de novo e fresco numa altura em que já foi praticamente tudo criado

Para finalizar, desde o regresso do Bruce e do Adrian á banda em 1999 a banda já lançou quatro cds ‘Brave New World’, ‘Dance Of Death’, ‘A Matter Of Life And Death’ e ‘The Final Frontier’, dos quatro, mesmo tendo boas musicas, os menos bem conseguidos são os ‘DoD’ e o ‘AMOLAD’ sem duvida nenhuma, quanto ao ‘BNW’ foi o inicio da revolução, revolução essa que parecia num bom caminho após vermos o ‘BNW’ a ser tocado quase todo ao vivo no concerto do Rock In Rio em 2001 e que conseguiu por mais de 200.000 pessoas a cantarem os refrões desse cd, depois seguiu-se uma fase de pouca inspiração e eis que em 2010 com ‘The Final Frontier’ a banda transpira criatividade, inspiração e equilíbrio, certamente que a banda calou muita gente que já vinha a dizer que a banda estava mais que gasta e sem inspiração,

Quanto á banda, Bruce Dickinson volta a mostrar o porquê de ser um dos melhores vocalistas de sempre ao lado de Ronnie James Dio e Rob Halford. Steve Harris mais uma vez está excelente com as suas emocionantes cavalgadas que toca no seu baixo. Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers partilham mais uma vez os grandes riffs e os deliciosos solos de guitarra e o Nicko McBrain continua o monstro que é sempre escondido por detrás da sua bateria.

Nota final: 9.2

6 comentários:

  1. Excelente! Tenho mesmo de ouvir este album, deixaste-me com "agua no bico" xD

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  2. Tb tenho todos os discos de Maiden, mas ainda me falta comprar o novo. ao contrario de ti desta vez e com a crise decidi começar a ouvir o disco mal saiu na internet, mas fiz o mesmo k tu no k diz respeito ao matter of life and death, ouvi so apos comprar. Da fase pos bayley, o meu album preferido por acaso é msm o DANCE OF DEATH lol, marcou-me um imenso impacto e adorei a teatrealidade mostrada no Death on the Road. Qto a este disco e mais um bom disco, nao ha maus discos, mas podia ser melhor. Falas bem no k diz respeito a musica alchemist, e axo k é mais musicas deste genero k os fans querem. Adoro as primeiras 5 musicas, dps adoro as ultimas duas, realmente a when the wild wind blows e extraordinaria.
    Comparando qualidade, Iron Maiden e a minha banda favorita, mas gostei muito mais do album At the Edge of Time dos Blind Guardian k deste uma pontuaçao inferior. STAY METAL

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  3. Li ontem na Blitz, mas comento antes aqui porque é mais legítimo por causa daquela cena...

    Deste álbum ainda só ouvi a "El Dorado", confesso que não a achei nada de deslumbrante, mas também a ouvi apenas umas duas vezes.

    Mas mesmo sem ter ouvido não posso deixar de destacar o teu texto, é sempre bom ver alguém a falar de uma banda/álbum de forma tão apaixonada, e tu em relação aos Maiden fazes isso! Vou ouvir, se gostar metade do que tu gostaste acho que não será mau.

    Cumps.

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  4. Isto está awesome mesmo *O*
    Mas marco, escrever tanto x'D

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  5. Sem duvida alguma este álbum para mim, esta muito bom...
    Vejo que adoras Iron Maiden, partilhamos do mesmo gosto :)
    Passa no meu site: http://www.musicacognitio.com , ainda é novo, tem apenas 5 meses, contudo penso que tem por la muitas matérias e noticias que te vão agradar.
    Já agora se alguém estiver interessado em colaborar é só entrar em contato, estamos a procura de gente com determinados gostos musicais que queiram participar.
    Saudações \m/

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  6. o album em si esta perfeito, como nosso amigo bruce disse desde o dance of death , ( estamos em constante evolução ) a prova vive de final frontier! mas sem perder a sua Essência musical,sempre perfeita e majestosa de se ouvir, parabéns ótimo..
    posta mais coisas falando de Bruce se der, admiro de mais esse cara,rrsrs quem nao admira em?? 666

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